Emater e PM compartilham mapeamento e tecnologias em prol de segurança pública no meio rural
07/06/2023 08h48 - Atualizada em 11/06/2025 15h45 Por Aline Miranda
Desde o ano passado, o apoio do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) tem fortalecido o patrulhamento do Batalhão Rural da Polícia Militar (PM) nas propriedades de agricultores de Santa Izabel, na região Guamá.
No sentido de os Órgãos do Governo do Estado integrarem ações para identificar as famílias, a Emater compartilha com a unidade central do 2º Batalhão, com sede em Castanhal, município-pólo, a base de dados do atendimento do dia a dia, inclusive georreferenciamento, e encaminha os interessados para o cadastro oficial, parceria que auxilia a PM a fim de estratégias e logística.
Atualmente, a Emater atende de forma direta perto de 400 famílias, das quais a PM já cadastrou 120. As atividades que se sobressaem são plantio de hortaliças e fruticultura. De acordo com as equipes extensionistas, a questão da segurança pública, sobretudo na Região Metropolitana de Belém (RMB), é fundamental no combate ao êxodo rural e na fixação do agricultor no campo, até para a sucessão dos negócios pelas novas gerações.
“Se o agricultor considera que a integridade sua e da família encontra-se ameaçada e se as atividades na propriedade sofrem perdas materiais por vandalismo ou roubo, por exemplo, a tendência é ir embora”, analisa o chefe do escritório local da Emater em Santa Izabel, o engenheiro agrônomo Ronaldo Sanches.
Na dinâmica de diagnóstico socioeconômico praticada pela Emater no cotidiano de porta em porta, a principal queixa dos agricultores izabelenses sobre violência é quanto a furto de açaí, maquinário e pequenos animais, como porcos. A vizinhança com zonas de conflito entre grupos criminosos também desperta medo.
Polícia Rural
Para o comandante do 2º Batalhão de Polícia Rural, tenente-coronel Augusto Guimarães, a Emater age no processo de entendimento das realidades, no mapeamento, na mobilização, na divulgação dos serviços de segurança pública e na adesão às tecnologias: “A Emater tem esse contato direto com os produtores e a PM criou grupos de whatsapp, para reforçar o canal de prevenção e menor tempo de resposta ostensiva às suspeitas e crimes, no que utilizamos recursos tais quais gps e drones. Como é função da Emater ajudar a garantir bem-estar e qualidade de vida às populações assistidas, tanto no âmbito da produção, da produtividade, como no âmbito da segurança pública, essa união de esforços em prol da comunidade do campo é muito importante, porque a comunidade envolvida são os olhos da PM. ”, explica.
Conforme o Comandante, a efetividade está sendo expandida para todos os 47 municípios da circunscrição: já são 640 propriedades cadastradas em 29 municípios. Uma das orientações é que as pessoas registrem as ocorrências e manifestem demandas, para controle estatístico e direcionamento operacional.
“Devemos ressaltar a confiança do governador do estado, que acreditou nessa ideia, com base no que é realizado em outros estados. A criação do Batalhão Rural é uma sensibilidade diferenciada de gestão governamental”, diz.
A avicultora Suzana Maciel, de 57 anos, mora sozinha no Sítio Aracuã, no ramal Sexta Travessa Aratanha, na rodovia Br-316. De companhia constante ao longo de mais de 20 hectares de criação de frango tipo branco, piscicultura, açaí e rambutão, apenas a cadela vira-lata Lindinha. O marido Francisco, de 60 anos, eletricista, trabalha em Ananindeua e só vai de vez em quando.
Evangélica, ela invoca a proteção de “Jesus”. Nunca sofreu nada, mas soube de assaltos e assassinatos nas redondezas. “Mandei colocar cercas e câmeras, para minimizar perigo e coibir más intenções, só que nada se compara a saber que a Polícia agora está mais perto, conversa diretamente e compreende nossas necessidades”, relata.
Atendida pela Emater há mais de década, Suzana conseguiu comprar um carro com crédito rural do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) via Banco do Brasil (BB) para transportar os frangos abatidos até a Feira do Mercado Central, em Ananindeua, onde o produto é comercializado.
“O incentivo da Emater e a segurança da PM me dão respaldo para continuar a sonhar. Pretendo me voltar para o açaí, porque açaí é a aposentadoria do camponês amazônico. Sou feliz em receber políticas públicas que fincam meus pés nesta minha morada”, conta.