Assentamento em Monte Alegre desponta como forte polo produtor de banana

'Serra Azul' produz 300 mil pés de dez variedades em 1 mil e 500 hectares, com resultados de 200 empregos diretos e 140 empregos indiretos

13/11/2023 10h16 - Atualizada em 27/07/2024 03h28
Por Aline Miranda

Foto: Divulgação

Na paisagem montanhosa da Gleba Mulata, pela continuidade da rodovia PA-254 e a 130 km da sede de Monte Alegre, no Baixo Amazonas, o assentamento federal Serra Azul é uma história de resgate da História: nas décadas de 80 e 90, o município chegou a ser o maior produtor de banana do Pará, mas incidências de doenças como o mal-do-panamá devastaram as lavouras. 

Nos últimos cinco anos, porém, com o apoio do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), a Comunidade hoje sedia 300 mil pés de dez variedades em 1 mil e 500 hectares, com resultados de 200 empregos diretos, 140 empregos indiretos e uma receita anual por volta de R$ 18 milhões. 

“Consideramos o assentamento Serra Azul o novo eldorado da banana na região. É um case de sucesso de como a integração de políticas públicas pode renovar estratégias culturais e socioeconômicas”, resume o técnico em agropecuária da Emater Francisco Carlos Lima, formado em Gestão Pública. 

Conforme a equipe do escritório local, o trabalho da Emater concentra, entre outras articulações, assistência técnica, logística de distribuição de fomentos e implantação de unidades demonstrativas (uds). As uds servem de vitrine e base para a introdução de novas tecnologias sobre manejo da cultura e para experimento com cultivares mais resistentes, de apelo comercial. Com o objetivo de coleta e análise de dados, os especialistas também estão elaborando um diagnóstico quantitativo e qualitativo, o qual norteie e embase melhor a aplicação de projetos e recursos governamentais.  

Eventos 

Este semestre, realizou-se o I Festival da Banana da Serra Azul, com exposição de doces , bolos, bebidas, compotas e vatapá; tudo de banana. 

“A banana é um ingrediente coringa. O Brasil inteiro consome. Como polo produtivo, a tendência é que haja um crescimento substancial desse tipo de evento aqui em Monte Alegre”, diz Lima. 

No Sítio Boa Esperança, o casal Luís Paulo da Silva, de 46 anos, e Cláudia de Araújo, de 36 anos, colhe semanalmente cerca de três toneladas das variedades “branca”, “grande”, “prata” e “são tomé”.

Por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), a banana que os pais cultivam sai da porteira da propriedade e chega à mesa da merenda escolar dos dois filhos menores: Luís Felipe, de 10 anos, e Anastácio Lucas, de 3 anos.

No usufruto do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), a primogênita, Renata, de 20 anos, estuda Engenharia Sanitária e Ambiental na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), com o plano de voltar à Comunidade assim que graduada. 

"Quando as políticas públicas se interligam, chegam de verdade à gente, a sociedade inteira sai ganhando: e em relação a governo, a Emater é nossa imensa parceira, sempre presente, sempre orientando para técnicas e tecnologias e sempre ajudando no acesso a nossos direitos”, conta Silva. 

Texto de Aline Miranda