05/01/2022 10h35 - Atualizada em 19/06/2025 02h12 Por
Foto: Divulgação
Enquanto mal muitos definiram a lista de renovação de metas planeta Terra adentro, os agricultores do assentamento Serra Azul, em Monte Alegre, no Baixo Amazonas, brindaram as mãos na terra e já estão despachando 100 toneladas de banana para Manaus, no Amazonas, e mais 40 toneladas para o pólo Santarém, ali vizinho. É o mínimo da rotina de comercialização de cada semana.
“Realmente é muito banana - e a roda de produção não pára, seja em feriado, seja em período de festa, porque ninguém deixa de comer. Nosso compromisso é com o abastecimento”, invoca o presidente da Associação do Assentamento Serra Azul (de nome fantasia “Asa”), Luís Paulo da Silva, 44, mais conhecido como “Paulinho”. “Inclusive, nossa banana certeza que ajudou a compor foi muita ceia de natal e réveillon só-Deus-sabe onde”, comemora.
Se os números grandiosos do trabalho no solo impressionam, o céu é o limite. Com a adoção de tecnologias simples e baratas, como manejo, a colheita da Comunidade pode aumentar em mais de 100% já no primeiro ciclo.
O objetivo é uma parceria em breve com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), por meio da assinatura de um termo de cooperação técnica com o Instituto Nacional de Colonização Agrária (Incra), no momento em fase de articulação.
“A gente reduz em cerca de 12 vezes o número de plantas em uma touceira, por exemplo, comparando com o que o agricultor está acostumado a colocar. Pode parecer desvantajoso, só que é o contrário: um grande ganho, porque essa limitação de plantas garante crescimento dentro do padrão em termos de qualidade”, explica o técnico em agropecuária da Emater e gestor público Francisco Carlos Lima.
De acordo com o presidente da Emater, Rosival Possidônio, há interesse imediato e absoluto para o atendimento: “É uma área interessante e interessada, que não pode ficar desassistida, onde o fluxo produtivo já é enorme e o potencial, nem se diz. Estamos com toda a disponibilidade”, afirma.
Assistência Técnica e Extensão Rural
Além de dobrar a produtividade, o manejo é uma excelente estratégia de supervisão sanitária.
Em agosto de 2020, depois de um alerta da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará) sobre focos da doença mancha-diamante em bananais na Serra Azul, a Emater buscou apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e promoveu campanhas de orientação e mobilização para limpeza de áreas, bem como colaborou para desmistificar situações que assustavam consumidores, o que vinha prejudicando o comércio, sobretudo nas feiras.
Por conta da infestação, alguns agricultores chegaram a perder todo o plantio e a venda de bananas no município e na região despencou porque as pessoas acreditavam em boatos de que os frutos transmitiam a doença e envenenavam.
“Consideramos que a falta de informação é uma doença social tão perigosa quanto a doença vegetal de verdade, porque a doença social desestrutura as bases humanitárias, e um dos papéis da Extensão Rural é esclarecer e consolidar políticas públicas com a seriedade que elas exigem”, aponta Francisco.
Serra Azul
O assentamento federal Serra Azul é um povoado com 250 famílias, localizado a 140 km da sede de Monte Alegre, na paisagem montanhosa da Gleba Mulata, pela continuidade da rodovia PA-254.
A principal atividade econômica é a cultura da banana, em múltiplas variedades, em especial banana-grande ou chifre-de-boi e banana-maçã.
Cada família trabalha sobre cerca de um hectare e meio a dois hectares da cultura. O processo fortalece uma tradição a qual, na década de 90, alçou Monte Alegre ao pódio de maior produtor municipal de banana no Brasil, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (1997). Porém, a condição mudou com o descontrole, à época, do Mal-do-Panamá nas plantações.
Conforme informações do Governo do Pará, na atualidade, estado é quinto maior produtor de banana do Brasil, com produção anual de cerca de 600 mil toneladas, perfazendo quase 60 mil hectares.
Esperança
No Sítio Boa Esperança, na roça de Paulinho, ele conta que são 20 hectares e infinita esperança de que a Emater fará “diferença imensa”.
“A troca de conhecimento com a presença da Emater é uma prática que, mesmo pontual, percebemos muito positiva”, reflete. “Sempre quem nos salva nas nossas dificuldades é a Emater”, completa.
Questões como crédito rural e tecnologias deverão facilitar a dinâmica de desenvolvimento sustentável do sistema da unidade familiar, onde se produzem, junto com a banana, também cacau, hortaliças e pimenta-do-reino.
Texto: Aline Miranda/Ascom Emater