Cerca de 400 indígenas de diversas etnias são assistidos com regularidade pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater)
19/04/2024 06h43 - Atualizada em 10/11/2024 21h45 Por Aline Miranda
Foto: Divulgação
No contexto deste Dia dos Povos Indígenas, 19 de abril, o cacique Jordy Xipaya, de 30 anos, da aldeia Panaycu, na região do Assurini, em Altamira, na Transamazônica, diz que ser indígena na Amazônia paraense significa carregar uma identidade única: “nossa história é de resistência e de discriminação, mas principalmente de ancestralidade, de cultura e de integração com a natureza”, sintetiza ele.
A liderança também é presidente da Associação Indígena Takurarê (sem sigla), que representa as 22 famílias de quatro comunidades da mesma etnia xipaya: além da Panaycu, reúnem-se Monte Sinai, São Raimundo e Tapiripá.
O coletivo é atendido pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater) há décadas, no sentido de fortalecimento das cadeias produtivas e valorização das tradições, com destaque para aquelas alimentares. Em termos práticos, o apoio direto do Governo do Estado propicia o acesso a políticas públicas, como crédito rural, comercialização de artesanato e abastecimento da merenda escolar.
De acordo com Jordy, sob uma jornada de risco de extinção do próprio povo e enfrentamento de diversidades ambientais, os xipaya vêm se adaptando aos novos tempos: “Preconceito e ignorância achar que indígena tem que ficar isolado, sem acesso às modernidades e sem visão de futuro. Invasão de território, construção de hidrelétrica, tudo isso impactou muito nos nossos costumes: o peixe sumiu, a caça sumiu. Pra sobreviver e continuar, precisamos ampliar nossas fontes”, conta.
Na parceria com a Emater, por exemplo, os xipaya já receberam cadastros ambientais rurais (car) e iniciaram projetos de casas-de-farinha, piscicultura e plantio de cacau.
Para o supervisor do escritório regional da Emater em Altamira, o técnico em agropecuária e engenheiro agrônomo Júlio Albuquerque, realizar assistência técnica e extensão rural (ater) indígenas públicas é tanto desafiador, quanto motivador: “Existe a questão da logística, um grande desafio, porém a motivação é diferenciada, porque temos a oportunidade de aprender muito com os povos originários em relação a olhar sobre o mundo, cultura, respeito à natureza e produção saudável e sustentável de medicamentos e de alimentos. Com certeza gratificante”, considera.
Ater Pública Indígena
Cerca de 400 indígenas de diversas etnias são assistidos com regularidade pela Emater em todo o Pará. Os dados constam nos últimos relatórios anuais de execução e planejamento da Instituição. De acordo com os documentos, a concentração de maior atuação, além da região do Xingu, inclui municípios como Bom Jesus do Tocantins, na região do Carajás; Faro, na região do Baixo Amazonas; Jacarecanga, na região do Tapajós, e Moju, na região do Tocantins.
A possibilidade para este ano é de mais de 1 mil e 300 projetos de crédito rural em 18 municípios, a fim de difusão tecnológica, custeio e fomento.
Texto de Aline Dantas de Miranda