Especial Mulher: ex-funcionária supera desafios e se torna presidente de importante Tribunal

Especial Mulher


10/03/2021 17h20 - Atualizada em 16/06/2025 02h41
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“A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) foi uma escola da vida, para mim. A partir do conhecimento adquirido, capacitação e incentivo dos colegas, pude galgar novos horizontes”, conta Maria de Lourdes Lima de Oliveira, ex-funcionária da Emater e, atualmente, presidente do Tribunal de Contas do Estado do Pará (TCE-PA).

A história de Lourdes Lima com a empresa começou em 1972, ainda como Associação de Crédito e Assistência Rural do Estado do Pará (Acar-PA), na função de auxiliar de escritório. Quatro anos depois, em 1976, passou a ser auxiliar administrativa, no escritório local de Irituia, na região nordeste, seu primeiro e único escritório.

“Desde o início, a Emater sempre me deu oportunidade para me desenvolver, crescer profissionalmente. Foi a partir dos cursos e capacitações, que pude me qualificar e prestar um serviço de mais qualidade, principalmente eu, que, no início da carreira, trabalhei com jovens e organizações sociais no município de Irituia”, explicou Lourdes Lima.

Foto: Rodrigo Lima/Divulgação

Durante o período em que foi funcionária da Emater, Lourdes Lima conta que os desafios eram muitos, principalmente pelo fator de ser mulher, mas que superou todos e elenca a ‘valorização do ser humano’ como algo que aprendeu na empresa e que levou para todas as funções que assumiu ao longo da carreira.

“Visão de preparo. É isso que coloco como foco por onde passo. A mulher tem mais sensibilidade, humanidade. É necessário preparar as pessoas, qualificar, dar oportunidades. Eu recebi isso no início da carreira e tento retribuir para a sociedade da melhor maneira possível”, explicou.

Trajetória

Após passar um período na Emater, Lourdes Lima exerceu diversos cargos relevantes no Estado do Pará: foi prefeita de Irituia (1988-1991); deputada estadual por dois mandados (1995-1998 e 1999-2002). Em 2002, tomou posse como conselheira do TCE, onde exerceu cargos de gestão, como coordenadora de processos, vice-presidente e presidente do Tribunal.

Esta é a terceira vez que Lourdes Lima assume a presidência do órgão. As outras duas vezes foram no período de 2009 a 2011 e 2017 a 2019. O atual mandato é de 2021 a 2023.

É graduada em pedagogia pela Universidade do Estado do Pará (Uepa); e bacharel em Direito pela Faculdade Integrada Brasil Amazônia (FIBRA).

“A Emater me acolheu, deu todo o suporte no início. Por isso, me considero sempre Emater”, finaliza Maria de Lourdes Lima de Oliveira.

MEIO RURAL

A socióloga Rosa Helena Campos de Melo, do Núcleo de Documentação e Informação (NDI) da Emater, conta que fez estágio no município de Irituia e conheceu de perto Lourdes Lima. “Tive a oportunidade de acompanhar o trabalho da Lourdes Lima, que sempre foi muito participativa nas ações”.

“De lá pra cá, tivemos avanços e recuos, em algumas áreas, mas a questão das mulheres ainda precisa avançar mais: é necessário cada vez mais colocar no dia a dia das grandes batalhas, as pautas progressistas, com a mulher deixando de ser sub-representada e brigando mais efetivamente pelos espaços de poder”, analisa.

Rosa Helena entrou para a Emater em 1988, ano em que a Emater passou a contratar profissionais de nível superior, para desenvolver atividades na área social da empresa.

“E a nossa capacitação foi para nos preparar para travar as grandes lutas”. Salvo engano, era um programa de reforma agrária, onde trabalhávamos em áreas de assentamentos, em parceria com ONGs e sindicatos”, explicou.

Rosinha passou quatro anos fora da Emater: de 1990 a 1994, desenvolveu atividades em um órgão de pesquisa. Voltou em 1995, onde passou a trabalhar no escritório central de Marituba, local que está até hoje. Chefiou a Coordenadoria de Administração e Finanças (Coafi) e Coordenadoria de Administração e Desenvolvimento de Recursos Humanos (Codes). Atualmente, é lotada no NDI.

De acordo com o Núcleo de Recursos Humanos (NRH) da Emater, há 298 mulheres no quadro geral, sendo que 102 desenvolvem suas atividades no escritório central de Marituba, na região metropolitana de Belém. Destas, 16 exercem cargos de chefia. Já no interior são 196 mulheres lotadas, 19 com cargos de chefia.