O projeto é de autoria do diretor técnico, Rosival Possidônio, e da supervisora-adjunta do escritório regional de Capanema, Michela Belarmino. O objetivo é testar na realidade do Pará três cultivares desenvolvidas pela Universidade de Brasília (UNB)
03/07/2020 20h03 - Atualizada em 07/06/2025 13h52 Por Aline Miranda
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), por meio de dois profissionais considerados de alta perfomance, venceu o edital de uma fundação bicontinental para uma pesquisa sobre a adaptação de cultivares novas de mandioca, desenvolvidas pela UNB (Universidade de Brasília).
O resultado da seletiva promovida pela Fundação Nagib Nassar para Desenvolvimento Científico e Sustentável (Funagib), com sede em Brasília (DF) e atuante no Brasil e na África, foi oficializado no último dia 30 de junho.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2019) posicionam o Pará como maior produtor de mandioca do país. São mais de 60 mil famílias na atividade, produzindo mais de cinco milhões de toneladas por ano, em cerca de 300 mil hectares. Novas tecnologias e tratos culturais podem aumentar a produtividade atual em mais de 100%.
“A Emater ter sido escolhida é de suma importância dentro dos nossos objetivos existenciais de Instituição, porque cada vez mais avançamos no viés de que pesquisa e extensão rural são práticas interligadas, sobretudo a pesquisa aplicada. É uma forma de construir e de difundir ciência, em prol das peculiaridades do Pará”, comemora a presidente da Emater, Cleide Amorim.
A proposta da Emater denomina-se“Avaliação de Cultivares de Mandioca (Manihot esculenta Crantz) Provenientes da UNB sob as Condições Edafoclimáticas do Estado do Pará”.
Um dos resultados esperados é o beneficiamento inédito no Pará da rama da mandioca (parte área) de modo que, desidratada, se transforme em uma farinha que possa ser incorporada à merenda escolar como suplemento proteico. Além disso, cultivares que apresentarem melhor desempenho e maior aprovação dos produtores serão multiplicadas pela Emater para o alcance do meio rural de todo o Pará.
O material é assinado pelo diretor técnico da Emater, Rosival Possidônio - técnico em agropecuária, pedagogo e especialista em Gestão Agroindustrial - e pela supervisora-adjunta do escritório regional de Capanema, Michela Cristina Belarmino - engenheira agrônoma e mestra e doutora em Zootecnia.
“O experimento busca a obtenção segura de informações quantitativas e qualitativas em termos agronômicos a respeito do do comportamento dessas cultivares quando da ambientação às características do Pará. O mais importante, porém, será a ordem de preferência por parte dos agricultores e também a aceitação, em nível de paladar, dos alunos da rede pública, quanto ao consumo de um tipo de farinha que será novidade para eles”, explica Possidônio.
Os pesquisadores receberão uma bolsa única no valor de R$ 20 mil para, juntos, a partir de setembro, encaminharem a experimentação e a adaptação das variedades Chimera III, UNB 220 e UNB 310 às condições de solo, clima e tradição nas realidades regionais do Pará. A Emater propiciará contrapartida, por meio da disponibilidade de infraestrutura completa (recursos humanos, veículos, combustível, entre outros).
Os projetos serão implantados em dois centros diferentes: na Unidade Didático-Agroecológica do Nordeste Paraense (UDB), em Bragança, na região do Salgado, e em um lote do assentamento Lajeado, em Marabá, sudeste do estado.
A execução constará em uma área total de 1.248 m², com programação para duas colheitas: a primeira após um ano e a segunda após um ano e meio. As análises de variância serão realizadas de acordo com procedimentos comuns ao formato de “blocos ao acaso”, com uso de softwares específicos e aplicação de testes de médias.
A ideia do enriquecimento nutricional da merenda escolar será observada em escolas de nível fundamental de Bragança, Capanema e Marabá, em parceria com as prefeituras.
“Este projeto nos coloca à frente de desafios que constituem um processo de inovação. São soluções para questões que surgem da relação com a sociedade, porque pesquisa e a extensão são as portas para a sociedade no sentido de interação de conhecimento e transformação”, pontua Belarmino.
A extensionista completa: “É essencial que o conhecimento resultante de tal interação provoque mudanças no nosso modo de fazer e entender a ater [assistência técnica e extensão rural pública], para que as necessidades da comunidade externa cheguem de verdade até nós”, diz.