Feira do Agricultor e delivery garantem famosa “farinha de Bragança” e ostras durante pandemia

45 famílias de 18 comunidades fornecem alimentos saudáveis e de qualidade. A ação é pela parceria da Emater, Comfaf, Fundação Cáritas e STTR. 

20/07/2020 13h29 - Atualizada em 11/06/2025 14h08
Por Aline Miranda

Ao longo da pandemia do novo coronavírus, a população de Bragança, na região do Salgado, continua tendo acesso com preço justo ao produto mais famoso da agricultura familiar do município, a farinha d’água, e mais a outra iguaria: ostras in natura. 

A venda direta ao consumidor se mantém  por meio da Feira do Agricultor Familiar, todo sábado, e de uma novidade de agora, instituída para contornar a quarentena e o distanciamento social: o delivery, pelo qual os agricultores combinam a entrega em domicílio ou em pontos estratégicos. 

Todo esse processo é resultado da parceria dos próprios agricultores, representados pela Comfaf (Comissão da Feira do Agricultor), com o escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), Fundação Cáritas Diocesana de Bragança e Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR). A Prefeitura presta apoio no transporte de mercadorias. 

“Trabalhamos por encomenda e essa modalidade só vem se intensificando. Por semana conseguimos vender, em época normal, até 30 quilos de farinha dágua lavada, já que nosso carro-chefe é a mandioca”, conta a jovem agricultora Ariane Pereira, do Km 21 da Comunidade Montenegro.

Na família são sete adultos (pais e filhos) e uma criança (Paulo Henrique, 8, neto; filho de Ariane). Eles produzem vários tipos de farinha (com coco, de tapioca etc.), milho, feijão,  beiju e macaxeira. 

No total, são 45 famílias de 18 comunidades, com uma oferta mensal de mais de cinco toneladas de alimentos. Além da farinha e da ostra, existem à disposição, ovo caipira,  frutas da estação, maniva e tucupi e demais.

“Algumas comunidades distam 60 km da sede do município, inclusive de caminho pelo Rio Caetés. Se não fosse a junção de esforços, nunca que o consumidor final conseguiria comprar com regularidade esses alimentos saudáveis e de qualidade”, indica a técnica social do escritório local da Emater, Maria Conceição Sampaio. 

Vale destacar, segundo ela, o espírito de coletividade despertado com a organização social e a proposta de Economia Solidária: “Os agricultores passaram a se entender como ‘uma grande família’. Reconhecem que crescer junto é mais vantajoso do que tentar sozinho. A ideia é que a agricultura se fortaleça como um motor cultural e socioeconômico de Bragança inteira”, diz. 


Feira e Delivery

Na pandemia, a Feira do Agricultor Familiar reduziu a estrutura em 85%, para evitar aglomerações, mas nunca deixou de funcionar todo sábado, de 5h às 10h, na Travessa Coronel Antônio Pedro, em frente à sede do STTR. O funcionamento acontece sob medidas preventivas, como uso de máscaras e álcool em gel. 

O evento, que no próximo 25 de julho completa 11 anos, significa um lucro de até 70% para os agricultores, conforme estimativa da Emater

“É uma oportunidade especial tanto para os agricultores, quanto para os consumidores, em termos de aquisição e de comunicação. Podemos dizer, assim, que Bragança não ficou desabastecida em nenhum instante. Quando mais a população precisou de nutrição com saúde, o que reforça o sistema imunológico, a agricultura familiar, com a assistência da Emater, não se ausentou”, considera o engenheiro agrônomo da Emater Adriano Fonseca

As dificuldades provocadas pelo momento de crise também anteciparam a adesão ao sistema de delivery. 

As instituições parceiras ordenaram as informações de contato dos agricultores, listaram os produtos e preços, e divulgaram uma lista. Os consumidores escolhem os produtos e o horário de entrega e entram em contato com os fornecedores via whatsapp ou ligação telefônica. 

O serviço tem feito tanto sucesso que já há agricultores que chegam a realizar 40 entregas por dia. 


Ostras

Um produto diferenciado que compõe a cartela de comercialização em Bragança são ostras in natura, produzidas pela Associação dos Agricultores e Aquicultores de Nova Olinda (Agromar), em Augusto Corrêa, município vizinho, atendida pela Emater.

Apenas em junho foram vendidas 275 dúzias de ostras, com faturamento de R$ 3 mil e 575 para os 15 produtores associados. Nesta primeira quinzena de julho, 141 dúzias. A expectativa da Emater é que julho supere o mês anterior.

“Tomamos à frente de uma campanha: confecção de cards, publicações nas redes sociais, listas de transmissão, divulgação em rádios. É possível afirmar que hoje o consumidor já sabe com exatidão onde, de quem e como adquirir”, explica o engenheiro de pesca da Emater Leonardo Miranda.


Para o produtor Carlos Jorge Cruz, “a melhor saída para o ostreicultor neste período de pandemia tem sido a negociação pela internet. É uma ferramenta que veio para ficar”.

 


Serviço: mais informações acerca dos produtos disponíveis e dos canais de comercialização pelos números e whatsapps: (91) 98090-3313 (Adriano Fonseca), (91) 98185-1072 (Maria da Conceição Sampaio) e (91) 98301-5553 (Leonardo Miranda).