Produção local de melancia compõe a merenda escolar em Afuá, no arquipélago do Marajó

Com o apoio da Emater, agricultores da Cooperativa Ouro Verde da Araramamam tem contrato com a prefeitura municipal para compor a merenda escolar

25/11/2021 11h12 - Atualizada em 23/03/2024 06h59
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Os agricultores têm comercializado a produção da variedade de melancia "olímpia" para a merenda escolar em Afuá, no Marajó.

Foto: Ascom / Emater

Da casa da Família Costa-Luz até a sede de Afuá, no Arquipélago do Marajó, são duas horas de rabeta ou três horas de lancha. Pela sabedoria cantada da Amazônia, o rio é nossa rua. No caso, é o rio Santana, margeando o Parque Estadual do Charapucu. Não existe caminho via estrada. 

No começo do mês de novembro, o casal Meiriana, 31, e Reginildo, 37, preparou uma carga especial para mais uma travessia. 

Por meio da Cooperativa Ouro Verde da Araramamam (sem sigla), sob um contrato de merenda escolar assinado com o apoio do escritório da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), os agricultores entregaram para a Prefeitura mais uma colheita de melancia. 

Em Afuá, agricultores conseguem renda extra com a melancia.

Foto: Ascom / Emater

Considerando-se os 59 cooperados e as demandas da chamada pública vigente do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), o fornecimento de agora, 700 quilos de melancia da variedade “olímpia”, in natura, representa um lucro de cerca de 60% para famílias entre ribeirinhas e assentadas da reforma agrária.

“Essa é uma atividade iniciada na região por volta de 2018. As comunidades primeiro se organizaram como Associação e, no final de 2020, alavancaram-se para uma Cooperativa. Nosso incentivo é que a melancia componha um sistema sustentável de diversificação de produção, dentro do extrativismo do açaí, da pesca artesanal, entre outros”, explica o chefe do escritório local da Emater, o engenheiro agrônomo Alfredo Rosas

AGRICULTORES

A Família Costa-Luz vive na Posse Samuíma, área de várzea, porém planta mesmo na Posse Alegria, de terra-firme. Os lotes juntos somam mais de 100 hectares. 

Meiriana e Reginildo chegam a colher três mil melancias por ano. “Tudo vermelhinha e docinha”, conta a matriarca.

A ideia é aumentar a produção e, consequentemente, melhorar a venda nos mercados governamentais: além do Pnae, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

Eles também consomem muito no dia a dia, sobretudo na entressafra do açaí, substituindo. No verão, é uma ótima alternativa de refresco para os filhos: Rodrigo, 16, Yarle, 14, Larissa, 12, e Alisso, 3.  Sem eletricidade e portanto sem geladeira, é abrir e provar. 

"Açaí é nativo, dá o ano inteiro, só que, quando tá só aquele parauzinho, chega a melancia pra adoçar. A gente come no meio da mistura, come à  tarde quando dá vontade”, detalha. 

CRÉDITO RURAL

De acordo com o técnico da Emater Alfredo Rosas, existe um potencial imediato de crédito para o cultivo de melancia no município de quase R$ 200 mil no total, pela linha Custeio, do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), em parceria com o Banco da Amazônia (Basa). 

“Estamos mapeando e elaborando esses projetos, para proposição já no início do ano que vem”, aponta. 

*Texto de Aline Miranda