Atendidas pela Emater, famílias de Bragança trabalham com abelhas sem ferrão e floradas das árvores mais altas, como bacurizeiros
Fotos: Veloso Jr.
02/10/2020 13h27 - Atualizada em 27/05/2025 05h37 Por Aline Miranda
A biodiversidade da Amazônia sempre surpreende a gastronomia, no melhor sentido de exotismo: a descoberta de agora é um mel “agridoce”, produzido a partir do néctar coletado por abelhas uruçu-cinzentas da copa das árvores mais altas, sobretudo bacurizeiros, na floresta nativa de Bragança, região do Salgado.
As colméias da espécie sem ferrão (Melípona fasciculata) estão instaladas em propriedades da agricultura familiar do município atendidas pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater).
Uma delas é o sítio Boa Esperança, na comunidade Pratinha, onde a Família Alves extrai e comercializa o produto, já com certificação pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). São até 30 quilos por ano, a partir de 60 caixas.
A microempresa de tecnologia agroecológica é conhecida como Mel Raynah (junção lírica das primeiras sílabas do patriarca e da matriarca: Raimundo e Inácia). Os seis filhos (quatro homens e duas mulheres) trabalham cada um em função determinada dentro do negócio.
Produto
“A produção desse tipo de abelha é bem mais seletiva. Digamos que é de no máximo ¼ em comparação às abelhas mais comuns, as africanizadas com ferrão [Appis melífera]. Fora isso, existes bastantes pecualiridades na estrutura interna das colméias e, por conseguinte, no próprio manejo”, explica a meliponicultora Michelle Alves.
De certa raridade, o mel “agridoce” é bem menos viscoso do que o mel comum e nitidamente mais claro. O sabor suave resvala em um tom temperado. Algumas pessoas mais sensíveis comparam com gosto de mistura com limão.
“É um excelente remédio e está sendo revelado, pouco a pouco, como um alimento diferenciado para a cozinha gourmet”, indica Alves.
De acordo com os produtores, apresenta mais compostos nutricionais, antioxidantes e antiinflamatórios, como flavonóides, o que aumenta de forma significativa, também, as propriedades medicinais.
Michelle Alves
Atividade
A meliponicultura (criação de abelhas sem ferrão) é considerada sustentável e acessível. A partir da atividade, é possível uma multiplicidade de iguarias.
“Muitas variáveis definem o resultado do mel: tipo de abelha, tipo de florada, até a distância das colméias e floradas em relação a mangues e outras fontes de água”, explica o engenheiro agrônomo da Emater Wildson Moraes.
Comercialização
O vidro com 200 ml custa R$ 20 e, com 500 ml, R$ 50.
O mel “agridoce” pode ser adquirido em canal direto com os produtores. Há delivery semanal, em Belém e Ananindeua, com taxa de entrega entre R$ 5 e R$ 10.
Outra alternativa de compra, presencial, é até as 12h desta sexta-feira (2), no escritório central da Emater, região metropolitana de Belém, onde se realiza desde quarta-feira (30) a 16ª Edição da Vitrine Artesanal, com entrada livre.
O evento é a retomada, pela Emater, da feira itinerante de produtos agroecológicos, interrompida por mais de seis meses por conta da pandemia da covid-19.
Para prevenir contaminação, as barracas estão dispostas com distanciamento e todos os participantes e visitantes são obrigados a usar máscara. Pias com água e sabão e totens com álcool em gel estão espalhados pelo ambiente.
Serviço
Sítio Boa Esperança - Mel Raynah
Rod. BR 308, km 196, Bragança, Pará.
Telefones: (91) 8459-4623/ (91) 8446-2256
E-mail: sbetagro@gmail.com
Instagram: @melraynah