evento é realizado pela Prefeitura uma vez por mês
17/08/2025 22h50 - Atualizada em 24/10/2025 05h14 Por Aline Miranda
Desde 1998, uma vez por semana, Augusto Corrêa, no Rio Caeté, amanhece com os cheiros, sabores e texturas da Feira do Produtor Rural, promovida pela Secretaria Municipal de Agricultura (Semagri), com a colaboração do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater).
Participam institucionalmente, ainda, a Secretaria Municipal de Administração e Finanças (Semaf), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), entre outros parceiros.
De acordo com os organizadores, o objetivo do evento é oferecer espaço de divulgação e lucro aos produtores rurais do município, fortalecendo tradições e a socioeconomia, e, ao mesmo tempo, facilitar o acesso de quem vive na zona urbana a itens de consumo sustentável.
Funcionamento
Toda primeira sexta-feira do mês, de 6h às 11h, no galpão coberto do Mercado de Frutas, no Centro, 35 famílias de sete comunidades rurais comercializam produtos como óleo de cumaru, ostras in natura, plantas medicinais e caldo-de-cana, a preços cerca de 30% mais baratos, por exemplo, do que em lojas e supermercados da região, conforme pesquisas periódicas de mercado.
A servidora pública Mayara Assis, de 30 anos, moradora do bairro São Miguel, considera a Feira, apelidada de “Feirinha”, como “muito legal”: “Tem uma variedade muito grande de produtos oriundos da agricultura familiar. Da minha família, eu não sou a única cliente: meu pai também gosta muito de comprar [o pai é o pescador Antônio Marcos Assis, de 50 anos]”.
Mayara enumera os costumes: “A gente em geral compra farinha d’água, farinha seca, farinha de tapioca, beiju; ostra nós compramos muito também”, lembra.
Uma das vantagens, segundo a frequentadora, é a comodidade propiciada: “A Feirinha, sendo no centro da cidade, traz mais comodidade pra gente. A ostra, por exemplo, que é produzida na Vila de Nova Olinda [comunidade agropesqueira a 45km da sede do município]; a gente não consegue ter acesso fácil: a gente precisaria encomendar com antecedência, o produtor coletar, mandar pelo ônibus. Em suma, com a Feira, é mais acessível a gente adquirir os alimentos de qualidade - e a maioria é de orgânicos”, resume.
Emater
No cotidiano das propriedades de onde saem os produtos da Feira, a maioria dos agricultores é atendida de forma direta pela Emater, inclusive com emissão de cadastro ambiental rural (car) e cadastro nacional da agricultura familiar (caf) - documentos preliminares de acesso a políticas públicas do setor agrícola e fundiário - e com intermediação de crédito rural, ante os bancos.
Para o chefe do escritório local da Emater em Augusto Corrêa, José Gilmar Costa Júnior, técnico em agropecuária, o papel da Emater também se destaca na mobilização: “Estamos unidos com a Prefeitura no engajamento e na presença física até a ponta, levando políticas públicas e consagrando a agricultura familiar do município”, aponta.
Na atualidade, as comunidades que integram a Feira são Araí, Emboraí da Estrada, Emboraizinho, Monte Alegre 2, Nova Olinda, Santa Maria do Açaizal e Vila Verde.
O secretário municipal de agricultura de Augusto Corrêa, Jamerson William Costa, reforça a importância de a Emater atuar em consonância, alinhando metas e resultados entre a gestão municipal e o Governo do Pará: “A parceria tem sido fundamental, digo imprescindível, para o desenvolvimento e a assistência aos agricultores familiares do município, uma vez que a Emater supre uma das nossas grandes necessidades, que é a assistência técnica. A Emater complementa a Secretaria nas demandas, orientando na questão da produção, da qualificação da estrutura e na comercialização. Sobre a comercialização, é interessante apontar aspectos como criação de marcas e adequação de embalagem, em relação a que a Emater acompanha. Tudo isso contribui para o aumento da produtividade no campo”, contextualiza.
Produção
Em cada edição da Feira, o agricultor José Alcyr dos Santos, de 47 anos, da comunidade Monte Alegre 2, no Ramal Fernandes Belo, no Km 7 da rodovia BR-308, chega a vender 50 quilos de macaxeira. Além da macaxeira, ele de praxe leva coco verde, coco seco e farinha lavada.
“A Feira abre portas e nos estimula a continuar. Neste processo, eu aponto a Emater como fundamental, porque nos dá oportunidade de tecnologia, de experimento. Temos nossas raízes, e valorizamos isso, sem dar as costas pra ciência: aliamos o conhecimento às novidades, adaptando e inovando, pra não ficarmos pra trás”, afirma.
Nos 98 hectares do Sítio Araraquara, ele trabalha com 300 pés de pimentinha-cheirosa, 250 pés de maracujá, 200 pés de coco, 50 pés de banana e 20 cabeças de gado de corte. A propriedade reúne, ademais, plantios de feijão, mandioca e milho.
Já em sociedade com os próprios irmãos, José Raimundo dos Santos, de 51 anos, e Manoel Raimundo dos Santos, de 42 anos, José Alcyr cultiva dois mil pés de jerimum e 500 pés de melancia, em uma área conjunta.