Com Emater, mulheres de assentamento de Afuá recebem crédito rural para açaí

15/07/2025 17h23 - Atualizada em 23/10/2025 16h20
Por Aline Miranda

Por meio de projetos elaborados pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) em Afuá, no Marajó, duas mulheres ribeirinhas e de vivência agroextrativista acabaram de assinar contratos de crédito rural para investir no manejo de açaizais nativos no assentamento federal Ilha do Pará.


Leila Pacheco, de 43 anos, moradora das margens do Igarapé Cedro, e Maria Elcilene Oliveira, de 29 anos, moradora das margens do Rio Amazonas, receberam individualmente cerca de R$ 50 mil para trabalhar de forma orientada sobre quatro hectares, em cada lote. 


O chefe do escritório local da Emater em Afuá, o engenheiro agrônomo Alfredo Rosas, especialista em Manejo Ambiental de Solos, reforça que o acesso a recursos financeiros em nome oficial das mulheres consagra a efetividade de políticas públicas de gênero: “É importantíssimo registrar e reconhecer as mulheres como titulares dos lotes e documentar essas mulheres como detentora de direitos sobre a terra e sobre dinheiro. A Emater faz parte deste processo na ponta, em presença, em conceito. Essas mulheres debulham o açaí, gerenciam os negócios, cuidam dos filhos. A luta por respeito e dignidade da mulher permeia a assistência técnica e extensão rural [ater] oficial do Governo do Pará, porque a realidade campesina pode se apresentar ainda mais desafiadora nesse sentido, por várias questões culturais, de oportunidades de escolaridade, de planejamento familiar, de distâncias geográficas”, diz. 


O gestor aponta, ainda, que a Emater atua sob o contexto de portarias (nº 981/2003) e instruções normativas (nº 38/2007) direcionadas do Incra que asseguram a mulheres assentadas da reforma agrária protagonismo na tomada de decisões nos ambientes de trabalho e residência, pelos Contratos de Concessão de Uso (CCUs), e garantias de patrimônio, independentemente de maridos e companheiros: “É uma consideração de inclusão e de empoderamento feminino”, resume.


Solenidade

O ato solene com o Banco da Amazônia (Basa) realizou-se em 11 de julho, em um Mutirão de Microcrédito organizado pelo governo federal na sede do Serviço Brasileiro de Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em Macapá, capital do Amapá, estado vizinho, com a presença do ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes. 


Mãe de três filhos (Larissa, de 14 anos; Guilherme, de 16 anos; e Leonardo, de 20 anos), Leila Pacheco conta sobre a sensação de prestigiamento: “É um momento em que a gente percebe a importância do nosso papel dentro da Amazônia: mulheres com tradição. Sou mãe, esposa, profissional, trabalhadora rural, assentada da reforma agrária e dona da minha vida, da minha força e da minha história”, descreve.


 A agricultora emociona-se quando comenta que a trajetória de si própria abre caminho para a da filha, por exemplo: “Eu vejo a minha geração derrubando barreira e conquistando espaço para as gerações de mulheres que vêm a seguir. É muito gratificante”, acrescenta. 


 Leila e o marido, Aldo dos Santos, de 43 anos, mais conhecido como “Lôro”, chegam a extrair, em um dia de pico da safra, meia tonelada de açaí. Vendido para atravessadores, o caroço abastece os municípios amapaenses de Macapá e Santana. Na entressafra, a família alcança 200 palmitos por dia, destinados a fábricas da região.